03/05/2013 12:09
/ Última Atualização 03/05/2013 12:56
Agência Estado
Corpo do ex-presidente João Goulart pode ser exumado
O objetivo é esclarecer se a causa da morte foi um ataque cardíaco, conforme
divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar, ou outro fator, como por
exemplo envenenamento
O ex-presidente morreu no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do
Norte da Argentina
Biblioteca da Presidência da República
O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS) e a Comissão
Nacional da Verdade (CNV) decidiram exumar o corpo do ex-presidente João
Goulart, que governou o País entre 1961 e 31 de março de 1964.
A decisão foi tomada durante reunião da comissão ocorrida em Brasília, no dia
24 de abril. O objetivo é esclarecer se a causa da morte - o ex-presidente
morreu no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da Argentina -
foi um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime
militar, ou outro fator, como por exemplo envenenamento. Esta segunda hipótese
poderia ter ocorrido, segundo algumas fontes, com a substituição de medicamentos
rotineiros de Goulart, que teria sido feita por agentes da repressão uruguaia. É
o que supõem pessoas da família e amigos próximos do ex-presidente naquele
período. Goulart foi sepultado em São Borja (RS), sua terra natal.
Embora a decisão já tenha sido tomada pela comissão, há diversas situações a
serem esclarecidas antes de se afirmar que a exumação será mesmo feita, adverte
a procuradora federal Suzete Bragagnolo.
"Estamos estudando os procedimentos
adequados", diz ela. "Se o pedido será feito à Justiça ou se será administrativo
(ao responsável pelo cemitério, a prefeitura de São Borja). Isso porque existe
esta possibilidade", aponta a procuradora do Ministério Público Federal. Ela
acrescenta: "Também precisamos nos cercar do máximo de rigor técnico possível,
com consultas a peritos, para sabermos quais as chances de o resultado ser
conclusivo".
A procuradora admite que há uma forte possibilidade de que a exumação, feita
tantos anos depois da morte de Goulart, seja inconclusiva, mas acredita que com
as técnicas e reagentes hoje disponíveis a possibilidade de um bom resultado é
maior. "Havendo essa hipótese, vamos apostar nela."
A família de João Goulart, que já tornou pública a autorização para exumação,
ainda desconhecia a decisão da CNV e do MPF/RS. O advogado Christopher Goulart,
neto do ex-presidente, disse que vai tomar informações nesta sexta-feira, 3.
"Indícios (de envenenamento) existem muitos", admitiu. "(A exumação)
produziria a prova material para comprovar ou não a causa da morte e poderia
corrigir a história oficial informando que um presidente da República morreu
assassinado". Lembrou ainda que o esclarecimento do mistério poderá coincidir
com os 50 anos do golpe militar, em 2014. As informações são do jornal O Estado
de S.Paulo.
FONTE:
OLIBERAL