quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O HOMEM MAIS PODEROSO DO MUNDO!!!

Conheça Donald Trump, o presidente eleito dos Estados Unidos

Sem experiência política, empresário venceu Hillary Clinton.
Ele gosta de dizer que começou negócios com 'empréstimo' de seu pai.

Do G1, em São Paulo
Donald Trump discursa após ser declarado vencedor nas eleições, em Nova York, na madrugada de quarta (9) (Foto: Reuters/Mike Segar)Donald Trump discursa após ser declarado vencedor nas eleições, em Nova York, na madrugada de quarta (9) (Foto: Reuters/Mike Segar)
O republicano Donald Trump, novo presidente eleito dos Estados Unidos é conhecido pelo temperamento explosivo e pelas declarações polêmicas. Sem experiência política anterior, o empresário bilionário, de 70 anos, conseguiu impor uma amarga derrota à ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado americana, Hillary Clinton.  

Com discursos centrados nas frustrações e inseguranças dos americanos em um mundo em mutação, tornou-se a voz da mudança para milhões deles.

Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Trump é o quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de origem alemã, e Mary MacLeod, uma dona de casa de procedência escocesa.
Desde criança ele mostrava um comportamento rebelde, tanto que seu pai teve que tirá-lo da escola aos 13 anos, onde havia agredido um professor, e interná-lo na Academia Militar de Nova York, com a esperança de que a disciplina militar corrigisse a atitude de seu filho.

“Uma vez jogou um bolo de aniversário em todo mundo numa festa, outra vez jogou um apagador num professor, que ficou com o olho roxo. O pai de vez em quando recebia ligações da escola dizendo: o ‘Donald não está se comportando’. E ficava muito frustrado”, relatou o biógrafo Michael D'Antonio ao Jornal Nacional.
Aparentemente, o pequeno Donald "era um valentão boca suja" que adorava "dizer palavrões a todo volume", segundo o médico Steve Nachtigall, de 66 anos, que sofreu com suas travessuras.
Trump graduou-se em 1964 na academia, onde alcançou a patente de capitão e vislumbrava seu destino: "Um dia, serei muito famoso", comentou então ao cadete Jeff Ortenau.

Em 1968, o hoje magnata formou-se em Economia na Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia, e se transformou no favorito para suceder seu pai no comando da empresa familiar, Elisabeth Trump & Son, dedicada ao aluguel de imóveis de classe média nos bairros nova-iorquinos de Brooklyn, Queens e Staten Island.
Trump assumiu em 1971 as rédeas da companhia, rebatizada como The Trump Organization, e se mudou para a Manhattan. Enquanto seu pai construía casas para a classe média, ele optou pelas torres luxuosas, hotéis, casinos e campos de golfe. Trump gosta de dizer que começou seus próprios negócios modestamente, com “um pequeno empréstimo de US$ 1 milhão” de seu pai.
O jovem Donald Trump (ao centro) (Foto: Reprodução/TV Globo)O jovem Donald Trump (ao centro) (Foto: Reprodução/TV Globo)
Já nos anos 1980, tinha em construção diversos empreendimentos na cidade, incluindo a Trump tower, o Trump Plaza, além de cassinos em Atlantic City, em Nova Jersey. Casou-se pela primeira vez em 1977, com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem tem três filhos, e pela segunda vez em 1993, com a atriz Marla Maples, com quem tem uma filha.
Em 2011, se casou com sua atual mulher, Melania Knauss, ex-modelo eslovena de 46 anos que cria seu filho Barron, de 10 anos. Ela foi colocada longe dos holofotes durante a campanha. Já seus filhos adultos, Ivanka, Donald Jr., Eric Tiffany participam da corrida eleitoral. Trump tem sete netos.

Na começo da década de 90, três dos seus cassinos entraram falência por causa de dívidas, na tentativa de reestruturá-las. Em 1996, comprou os direitos dos concursos Miss USA, Miss Universo e Miss Teen, tornando-se seu produtor executivo.
Donald Trump e sua primeira mulher, Ivana, no dia em que adquiriu cidadania americana, em 1988 (Foto: AP)Donald Trump e sua primeira mulher, Ivana, no dia em que adquiriu cidadania americana, em 1988 (Foto: AP)
Oito anos mais tarde, tornaria-se figura pública ainda mais conhecida ao virar apresentador do programa “The Apprentice”, em que tinha o poder de demitir os participantes.
Apesar de afirmar ter US$ 10 bilhões, sua fortuna foi estimada em US$ 4,5 bilhões pela Forbes. Em 2014, o Partido Republicano sugeriu que concorresse ao governo de Nova York, mas Trump disse que o cargo não lhe interessava.
Trump mora em um triplex no topo da Torre Trump em Nova York, e viaja em seu Boeing 757 privado, que serve regularmente como pano de fundo para seus comícios.
Cabelo tingido de loiro, impecavelmente vestido, ele fascina e horroriza. Quando uma dúzia de mulheres o acusaram de assédio e gestos sexuais impróprios, ele tratou todas de mentirosas.
Trump não é dos mais fiéis a ideologia: foi democrata até 1987 e, em seguida, republicano (1987-1999), membro do partido da Reforma (1999-2001), democrata (2001-2009), e republicano novamente. Durante a sua carreira foi alvo de dezenas de processos civis relacionados aos seus negócios.
donald Trump diante de seu helicóptero, em 1988 (Foto: AP)Donald Trump diante de seu helicóptero, em 1988 (Foto: AP)
Recusou-se a publicar seu imposto de renda - uma tradição para os candidatos à Casa Branca - e reconheceu que não tinha pago impostos federais durante anos, depois de informar enormes perdas de US$ 916 milhões em 1995. "Isto faz de mim uma pessoa inteligente", disse ele, mais uma vez causando enorme polêmica.
Veja as propostas e ideias do candidato:
Política Externa/Defesa
Em um longo discurso sobre o assunto, Trump deixou claro que os EUA estarão sempre em primeiro lugar, mesmo que para isso precise sacrificar os interesses de seus aliados mais próximos. Ele reclama que os “amigos” estão dependentes demais dos EUA e que os rivais não mais respeitam ou se sentem ameaçados pelo país.
Trump quer ampliar o poder militar dos EUA, afirmando que o país sob seu governo se tornaria tão poderoso e ameaçador que não sofreria ameaças de absolutamente ninguém. O candidato defende a adoção de táticas de tortura e diz que poderia aprovar técnicas ainda mais duras do que o “waterboarding”, um tipo de afogamento proibido atualmente.

Ele diz ainda que os EUA precisam ser “imprevisíveis” e se diz aberto ao uso de armas nucleares, inclusive como reação a ataques terroristas como os ocorridos em Bruxelas, na Bélgica, no início de 2016. Trump também defende que o país se volte à sua própria defesa e que aliados como Japão e países europeus precisam investir mais em sua própria segurança e parar de depender da ajuda dos EUA.
O candidato disse que pretende modernizar o arsenal nuclear, e prometeu buscar uma convivência pacífica com países como China e Rússia, mas garantiu que irá traçar um limite e responder duramente quando alguém o ultrapassar.
Donald Trump brinca com uma máscara no palco de um comício em Saratosa, na Flórida, na segunda (7) (Foto: Reuters/Carlo Allegri)Donald Trump brinca com uma máscara no palco de um comício em Saratosa, na Flórida, na segunda (7) (Foto: Reuters/Carlo Allegri)
Prometeu ainda impedir o avanço do islamismo radical trabalhando de perto com aliados no mundo muçulmano, mas cobrando respeito e gratidão dos países que forem ajudados pelos EUA.
Economia
A base econômica de Trump é a promessa de aumento de empregos, um de seus temas mais frequentes. Ele diz que os EUA deixarão de perder indústrias e empregos para a China e o México, e nesse sentido ameaça penalizar empresas que queiram deixar o país. Trump afirma que pretende aumentar impostos para quem o fizer ou para quem não empregar preferencialmente americanos e chegou a afirmar que quer “obrigar” a  Apple a fabricar seus produtos nos Estados Unidos.
Em relação a impostos, ele já prometeu aumentar a taxação dos ricos para diminuir a dos pobres, voltando atrás depois. Ele agora diz que pretende simplificar e reduzir impostos para todos os americanos e que também quer que empresas paguem menos. Trump promete ainda cortar muitos gastos do governo e sugeriu em entrevista à MSNBC que uma de suas primeiras ações para que isso seja alcançado poderia ser cortar o Departamento de Educação.
Saúde
Donald Trump promete revogar o Obamacare, a lei pela qual todo americano deve ter plano de saúde, em seu primeiro dia de mandato. Ele sinaliza em seu site que pretende seguir os princípios do livre mercado e diz que “o melhor programa social sempre será um emprego”. Por isso, acredita que a criação de mais empregos e a melhora da economia possibilitará que a grande maioria dos americanos pague por suas despesas de saúde sem depender do governo.
O Medicaid seria centrado em cada estado, sem interferência do governo federal. Ele diz que a compra de seguros de saúde não deve ser obrigatória, mas que estes deverão ser oferecidos em todos os estados, sem restrições. Além dos seguros, que seriam dedutíveis do imposto de renda, Trump sugere a criação de Health Savings Acounts (HSAs), uma espécie de poupança específica para gastos com saúde e que pode beneficiar qualquer membro da família do titular, inclusive sendo herdada em caso de morte.

O republicano também defende transparência nos valores cobrados por médicos, hospitais e instituições e a livre competição entre eles. As regras de livre mercado seriam aplicadas ainda aos fabricantes de medicamentos. Em sua declaração oficial sobre saúde, Donald Trump diz ainda que suas propostas para imigração ajudarão a desonerar o sistema, já que “providenciar atendimento médico a imigrantes ilegais nos custa cerca de US$ 11 bilhões por ano”.
Educação
Trump defende que o governo federal não interfira e a educação fique a cargo de cada estado. Ele diz também que o governo não deve lucrar com empréstimos estudantis, mas ainda não apresentou nenhum projeto sobre o assunto, dizendo apenas que irá “fazer algo muito inteligente em relação ao financiamento”. Trump também quer que escolas deixem de ser “zonas livres de armas”, e que pessoas possam portar armas dentro e ao redor delas. Segundo o candidato, escolas sem armas são “iscas” para ataques de pessoas com problemas mentais.
Imigração
Um dos pontos mais conhecidos do programa de Trump é a promessa de construir um muro na fronteira com o México, obrigando este país a pagar pela obra com ameaças de sanções, cobranças de dívidas e cortes de acordos comerciais. Ele afirma que “uma nação sem fronteiras não é uma nação” e promete ainda expulsar todos os imigrantes ilegais que já estão nos EUA, cerca de 11 milhões de pessoas, afirmando que aqueles que comprovarem ser “boas pessoas” serão aceitos de volta de forma legal.
Trump exibe desenho de muro que promete construir na fronteira com o México para proibir a entrada de imigrantes durante comício nesta quarta-feira (9) em Fayetteville, na Carolina do Norte (Foto: REUTERS/Jonathan Drake)Trump exibe desenho de muro que promete construir na fronteira com o México para proibir a entrada de imigrantes durante comício na Carolina do Norte (Foto: REUTERS/Jonathan Drake)
Trump também considera aumentar os custos de taxas de entrada no país e de vistos temporários e diz que irá acabar com o H-1B, um visto para não imigrantes que permite que empregados especializados sejam contratados temporariamente para determinados cargos por empresas americanas.
O candidato diz que irá obrigar as empresas a empregar primeiro cidadãos americanos em qualquer situação, sem exceção. Em relação aos refugiados, Donald Trump acredita que os EUA não devem receber sírios, iraquianos e outros que venham de países de maioria muçulmana. Ele propôs, inclusive, uma proibição da entrada de qualquer muçulmano no país até que “se descubra o que está acontecendo”.
Aborto
O republicano já mudou de ideia mais de uma vez em relação ao direito ao aborto, com o qual concordava há alguns anos. Ele diz ter revisto sua posição e agora afirma que aceita o procedimento apenas em casos de risco de vida para a mãe, incesto ou estupro. Mas Trump acredita que a organização Planned Parenthood deve parar de realizar abortos e que destinar recursos públicos para a realização do procedimento é “um insulto às pessoas de consciência, no mínimo, e uma afronta a um bom governo”.

Recentemente ele causou polêmica ao defender em entrevista à CNN “algum tipo de punição” para mulheres que abortassem caso o procedimento se tornasse ilegal. Horas mais tarde ele voltou atrás e disse que os médicos é que deveriam ser punidos, jamais as mulheres.
Armas
Trump é contra novas restrições ao porte de armas. Ele afirma que é preciso endurecer as leis para lidar com criminosos violentos e expandir tratamentos de saúde mental, embora não especifique como faria isso. Mas diz que os donos de armas que querem se defender devem ter seus poderes ampliados porque a polícia não consegue estar em todos os lugares o tempo todo.
Donald Trump discursa em fórum da National Rifle Association's NRA-ILA, em Louisville, Kentucky, na sexta (20) (Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP)Donald Trump discursa em fórum da National Rifle Association's NRA-ILA, em Louisville, Kentucky (Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP)
Trump defende ainda que não existam restrições ao tipo de armas que um cidadão pode comprar e diz que o sistema nacional de checagem de antecedentes falha ao não incluir registros criminais e de saúde mental em muitos estados. Mas ele diz que a maioria dos criminosos usa armas de outras pessoas e não passa por essas checagens e que, por isso, não é necessário “expandir um sistema quebrado”.

Trump defende ainda que as licenças para porte de arma sejam válidas nacionalmente e faz uma comparação com carteiras de motorista, válidas nos 50 estados. “Se podemos fazer isso por dirigir – que é um privilégio e não um direito – então certamente podemos fazer pelo porte de armas, que é um direito e não um privilégio”.
Meio ambiente/ Energia
O republicano se diz “muito a favor” da energia nuclear e diz que irá trazer de volta a indústria do carvão “100%”. Ele afirma ainda que políticas de energia limpa e para reduzir as emissões de carbono iriam colocar em perigo empregos e as classes média e baixa. Em seu livro mais recente, “Crippled America”, ele escreveu que fontes de energia verde são “na verdade uma forma cara de fazer os abraçadores de árvores se sentirem bem com eles mesmos”.

Também afirmou este ano que as alterações climáticas não são um dos maiores problemas mundiais. Há alguns anos o empresário chegou a questionar sua existência, citando em janeiro de 2014 a neve e o frio como provas de que o assunto era supostamente um farsa inventada pelos chineses.
*Com informações da AFP e da EFE.

GÍRIO DE NOTÍCIAS!!!

Bonde descarrila em Londres deixando mortos; condutor é preso

Cinco pessoas morreram, segundo a polícia britânica.
Cerca de 50 pessoas feridas foram levadas para o hospital.

Da Associated Press
 Funcionários do serviço de emergência trabalham para resgatar passageiros após bonde descarrilar na região de Croydon, em Londres  (Foto: Steve Parsons/PA via AP)Funcionários do serviço de emergência trabalham para resgatar passageiros após bonde descarrilar na região de Croydon, em Londres (Foto: Steve Parsons/PA via AP)
Cinco pessoas morreram, mais de 50 ficaram feridas e duas continuam presas após um bonde virar na manhã desta quarta-feira no sul de Londres, informou a polícia, que posteriormente confirmou a prisão do condutor.
Serviços de emergência foram chamados por volta das 6h10, no horário local, após relatos de que um bonde teria descarrilado próximo a um ponto perto de Croydon, um subúrbio ao sul da capital britânica.
"Diversas pessoas foram levadas ao hospital com lesões e infelizmente podemos dizer que houve perdas", disse o chefe-assistente conjunto da Polícia Britânica de Transportes (BTP, na sigla em inglês), Robin Smith.
"É muito cedo para confirmarmos números, mas estamos trabalhando arduamente para monitorar o incidente e continuamos a focar nos esforços de recuperação", acrescentou.
Um porta-voz da BTP disse posteriormente que o condutor do bonde foi preso e que cinco pessoas foram mortas.

Vendas de Natal devem cair entre 4% e 5% no Brasil, prevê associação

Queda deve ser menos intensa do que a verificada no ano passado (-7,2%).
Já na capital paulista, recuo deve ser entre 5% e 6%.

Do G1, em São Paulo
Série Tempo de Criar: Como as empresas se adequam às novas exigências do consumidor (Foto: Reprodução/TV Verdes Mares)Previsão é de que queda nas vendas no Natal (Foto: Reprodução/TV Verdes Mares)
Com base no desempenho do varejo no decorrer do ano, a expectativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em relação às vendas do Natal 2016 no Brasil é de queda entre 4% e 5% em comparação com 2015 – menos intensa do que a verificada no ano passado (-7,2%).

Já para o comércio da capital paulista, a perspectiva é de retração entre 5% e 6%, menor do que a de 2015, que foi a pior desde o início do Plano Real, segundo Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp, em menção ao forte recuo de 14,5% no Natal paulistano do ano passado, frente ao ano anterior.

Burti explica que o desempenho da cidade de São Paulo deverá ser pior do que o nacional porque é o cenário observado no decorrer do ano – e provavelmente a trajetória será mantida. “SP tem maior participação na indústria e é nesse setor que a crise é mais aguda”, diz.

O presidente da ACSP pondera que, com o início da redução dos juros, é possível que as quedas das vendas neste final de ano possam ser menores do que as projeções apontam. Outro fator que pode surpreender positivamente é que 22,5% dos brasileiros ainda não sabem como gastarão o 13º salário.

Padre condenado por impedir aborto pede a fiéis que não façam doações

Ele conta que pessoas querem ajudá-lo a quitar R$ 60 mil de indenização.
Sacerdote diz que recorreu da condenação e aguarda nova análise, em GO.

Fernanda BorgesDo G1 GO
Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Anápolis, Goiás, condenado por impedir aborto (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Padre Luiz Carlos Lodi foi condenado a pagar R$ 60 mil de indenização  (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, que foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pagar R$ 60 mil por impedir um aborto autorizado pela Justiça, divulgou uma carta na qual pede que os fiéis não façam doações para a quitação da indenização. Segundo o pároco, que atua em Anápolis, a 55 km de Goiânia, após a divulgação do caso, muita gente passou a procurá-lo oferecendo ajuda.
“Várias pessoas querem fazer coletas para ajudar, mas eu disse a elas que isso não é necessário, pois essa decisão ainda pode ser reformada. Além disso, a Justiça não pode estipular uma penhora de bens muito acima do patrimônio do réu. Ou seja, como eu não tenho bens que atinjam esse valor estipulado de indenização, o processo acabará extinto. Mas agradeço ao apoio de todos”, disse o padre ao G1.
A condenação do pároco foi decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), referente ao caso ocorrido em 2005. De acordo com o órgão, o feto havia sido diagnosticado com síndrome de Body Stalk, que é o nome dado ao conjunto de malformações que inviabilizam a vida fora do útero. No entanto, o sacerdote pediu um habeas corpus alegando que os pais iriam praticar um homicídio.
Na época, a Justiça de Goiás acatou o pedido do padre e, no momento em que a gestante estava internada para fazer o procedimento, foi surpreendida pela decisão. A mulher voltou para casa em Morrinhos, região sul de Goiás. O bebê nasceu oito dias depois, mas morreu em seguida.

O padre explicou que era estudante de direito e quis defender a criança. “Porque a vida humana não vale por sua qualidade, nem pela sua duração. A vida humana vale em si mesma. [...] A criança, o nome dela era Giovana, estava condenada à morte por uma sentença judicial. Sentença que tinha ilegalidade e abuso de poder, assim reconheceu o desembargador. Por isso, eu, que na época era estudante de direito, resolvi impetrar o habeas corpus em favor do neném para que o aborto não fosse realizado”, afirmou.
Para o STJ, o padre agiu de forma “temerária” quando pediu a suspensão do procedimento médico de interrupção de gravidez, que já estava em curso. De acordo com o órgão, a mulher o marido conseguiram a autorização judicial para o aborto após terem a confirmação de que o bebê não sobreviveria caso nascesse e, portanto, não estavam cometendo crime algum.
O pároco destacou que, na época, foi informado que a decisão havia sido nula porque o aborto já havia sido feito e lamentou não ter conseguido dar assistência à família e à criança durante a gravidez e o parto. Segundo Cruz, ele teria ajudado se soubesse que o aborto não tinha sido realizado.
Luiz Carlos Loudi, de Anápolis, Goiás, foi condenado pelo STJ (Foto: Reprodução/Facebook)Luiz Carlos Lodi diz que não se arrepende por ter
salvado uma vida (Foto: Reprodução/Facebook)
“Eu lamento muito por esse erro de informação, pois eu poderia ter ajudado essa família, ter acompanhado o final da gestação, o nascimento, e até batizado a menina”, afirmou.

O sacerdote disse que entrou com um recurso sobre a condenação e que ainda aguarda um novo parecer da Justiça. Questionado se tem arrependimentos por ter interferido no aborto, ele foi categórico: “Como é que a gente pode se arrepender de salvar a vida de uma criança? Nunca”, ressaltou.
Família
G1 tentou contato com a família que teve o abordo impedido, mas ela não foi localizada até a publicação desta reportagem.
No último dia 26, os advogados que representam os pais disseram à TV Anhanguera que a história ainda os deixa abalados e que, por isso, eles não iriam falar sobre o assunto.

Confira a carta divulgada pelo padre na íntegra:

"O Sermão da Montanha apresenta Jesus como novo Moisés promulgando a nova Lei. O Sermão começa com as bem-aventuranças, que ao todo são oito. A oitava (“bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça...”) se desdobra em uma felicitação contundente, que contém uma ordem de alegrar-se:

Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim também perseguiram os profetas que vieram antes de vós (Mt 5,11-12).

Quando nos vêm injúria e perseguição, e quando mentindo dizem todo o mal contra nós por causa de Jesus, nem sempre nos lembramos de alegrar-nos. Talvez sejamos tentados à tristeza, ao medo, à ira... mas é preciso obedecer ao Senhor. Para ocasiões como essa ele não tem somente um conselho; tem um mandamento: “Alegrai-vos e regozijai-vos”. E dá o motivo: “será grande a vossa recompensa nos céus”. Essa alegria na perseguição é importante, pois ela nos fortifica, conforme diz a Escritura no livro de Neemias: “a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8,10).

* * *
Em 11 de outubro de 2005, eu era estudante de Direito da UFG e deparei-me com a notícia de que uma criança – que depois seria chamada Geovana – estava para ser abortada pelo único motivo de ser deficiente. Era portadora da síndrome de “body stalk” (cordão umbilical curto). A sentença de morte havia sido dada pelo juiz da 1ª vara criminal de Goiânia. Sabendo que tal aborto era crime – e que não deixaria de ser crime por causa da “autorização” de um juiz – resolvi impetrar, com base na lei e na Constituição, um habeas corpus em favor do bebê. Os funcionários da escrivania, porém, não permitiram que eu fotocopiasse os autos do processo.

Não tive escolha a não ser redigir a petição a mão em folha avulsa, no próprio balcão da escrivania, e protocolá-la junto ao Tribunal com pedido de liminar para sustar a sentença que autorizara o abortamento. Fiz isso por dever de consciência, mas temia que o aborto já houvesse sido realizado ou que a liminar chegasse tarde, como tantas outras vezes já ocorrera.
Em 15 de outubro de 2005, um sábado, uma notícia do jornal O Popular (Goiânia) confirmou minha suspeita.

Diante da notícia do aborto já consumado, dei o caso por encerrado. Vários dias depois, porém, eu saberia que tal notícia era falsa. A liminar havia chegado a tempo de salvar Geovana da morte. Ela estava para ser abortada no dia 14 de outubro de 2005, quando chegou ao Hospital Materno Infantil (Goiânia) a decisão liminar do Desembargador Aluízo Ataíde de Souza sustando o aborto e cassando a sentença que o autorizara.

Esse equívoco jornalístico foi lamentável. Se eu soubesse que Geovana estava viva no ventre materno e que seus pais haviam voltado com ela para Morrinhos (GO), sem dúvida teria ido visitá-los, acompanhá-los durante a gestação, exortá-los a amarem sua filha até o último momento, oferecer-lhes assistência durante o parto (como fez nossa instituição com tantas outras gestantes) e, em se tratando de uma criança com risco de morte iminente, batizá-la logo após o nascimento. E se ela falecesse, para mim seria uma honra fazer suas cerimônias fúnebres e acompanhar a família até o cemitério.

O habeas corpus serve apenas como medida de emergência para salvar o bebê de um ato de desespero dos pais, mas não substitui o cuidado pastoral junto à família.

Quando eu soube de tudo, Geovana Gomes Lomeu já havia nascido por parto normal no Hospital Municipal de Morrinhos em 22 de outubro de 2005, às 12 horas e morrido às 13h40min, sem que ninguém se lembrasse de batizá-la. De qualquer forma, ela recebeu um nome e foi sepultada no Cemitério São Miguel, destino bem melhor que o de ser jogada fora e misturada ao lixo hospitalar.

Um detalhe. Ao impetrar o habeas corpus em favor do nascituro, tive o cuidado de identificar-me não como sacerdote, mas como “estudante de Direito”. Não usei argumentos religiosos, mas jurídicos. E o desembargador relator acolheu meu pedido simplesmente porque verificou que o juiz que autorizara o aborto agira com ilegalidade e abuso de poder em relação à vida de um inocente. No entanto, os promotores do aborto, ao descobrirem que o impetrante tinha sido um “padre”, desviaram a questão jurídica para a acusação antirreligiosa. Teria tal padre “imposto” seus conceitos e valores a terceiros, “obrigando” uma gestante a carregar o peso “inútil” de um “feto” (não se diz bebê) “inviável” (não se diz deficiente).

Uma organização feminista aproveitou o ensejo para produzir um filme narrando, de maneira panfletária e caricatural, o ocorrido durante a gestação, o nascimento e a morte de Geovana. Não contente com isso, em 2008, a advogada dos pais de Geovana teve a brilhante ideia de convencê-los a ajuizar uma ação de reparação de danos morais contra mim por tê-los impedido de abortar sua filha! Na verdade, não tinha sido eu quem impedira o aborto, mas o Poder Judiciário, na pessoa do Desembargador Aluízo Ataíde de Souza, que concedera a liminar. Por que então a advogada não acionou o desembargador? Primeiro, porque ele não era apto a ser acusado de “fundamentalismo religioso”. Segundo, porque seria nula a possibilidade de ele ser condenado por seus colegas do Judiciário. Resolveu então a advogada fazer do impetrante o “bode expiatório”. Seria o padre o culpado por ter pedido (e não o Judiciário por ter ordenado) que Geovana não fosse abortada.

Com uma tese tão estranha, essa ação indenizatória foi rejeitada tanto pelo Fórum de Goiânia quanto pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Foi então que a advogada interpôs um Recurso Especial ao Superior Tribunal de Justiça. Surpreendentemente, a relatora Ministra Nancy Andrighi reverteu a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás condenando-me, em 20 de outubro de 2016, a pagar R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) aos pais de Geovana pelos danos morais que sofreram por não terem podido abortá-la. Toda a 3ª Turma do STJ acompanhou o voto da relatora.

É hora de alegrar-se

Nesta hora tenho recebido grande ajuda dos amigos. Muitos dizem que estão orando por mim. Que presente maravilhoso! Outros se têm oferecido para ajudar a pagar o valor indenizatório. Por favor, não façam isso! A sentença ainda pode ser reformada, mas ainda que a condenação se confirme, a Justiça nada poderá exigir além dos meus “bens” (art. 789, novo CPC) para o cumprimento de minhas obrigações. Não tenho e nem quero ter dinheiro para prestigiar a causa abortista. Há ainda valorosos juristas colocando seus serviços à minha disposição. Deus seja louvado! Porém, qualquer que seja a ajuda que nesta hora vocês queiram dar, não se esqueçam de alegrar-se. Devemos alegrar-nos como Pedro e os apóstolos que, após terem sido açoitados com varas, saíram do Sinédrio “regozijando-se por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo Nome” [do Senhor] (At 5,41).

Anápolis, 8 de novembro de 2016.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz".