quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Vila paraense de Alter do Chão é recanto do folclore e do pôr do sol!!!


O paraíso fica a 38 quilômetros de Santarém e revela diversidade de ritmos, sabores e paisagens



Paulino Menezes/MTur


O lugar onde as praias de água doce fazem bonito perto de qualquer balneário caribenho também oferece música animada, preserva o sossego de cidades pequenas e guarda lendas como parte de sua história. Distrito de Santarém, Alter, como é conhecida, tem barcos como principal meio de transporte. O píer que recebe as embarcações fica no centro, ponto de partida para recantos de água pura e morna, praticamente desertos, bem perto de uma estrutura completa de pousadas e restaurantes.

O lugar mais procurado por turistas é a Ilha do Amor, responsável pela fama de Alter do Chão dentro e fora do Brasil. A ilha é, na verdade, um banco de areia do Rio Tapajós, a poucos metros de distância da orla. De agosto a novembro, período de estiagem, o paraíso fica ainda mais atraente. A faixa de areia aumenta, pois o nível das águas começa a baixar. De onde se viam coberturas de palha, surgem estruturas completas — casinhas fincadas no fundo do rio, usadas como barracas de praia. A madeira é resistente à água, mas deve ser substituída a cada cinco ou 10 anos, a depender da espécie.

Culto ao Sol
Paulino Menezes/MTur

O leito do Tapajós é cenário para o amanhecer e para o anoitecer. Famoso entre fotógrafos e noivas, o pôr do sol dá nome a um projeto coordenado pela Prefeitura Municipal de Santarém e a Subprefeitura de Alter do Chão. A ideia é deixar o microfone aberto para apresentações de artistas locais e até internacionais. As ruas ao redor da Praça Borari, no centro, ficam fechadas para veículos aos fins de semana — vantagem para os vendedores de artesanato e curiosos que passam por lá.

O palco tem lugar para todos os estilos musicais. O mais tradicional é o carimbó, representado no Çairé — festival folclórico que se espalha pelo oeste do Pará em setembro. Da letra das músicas às danças, o boto rosado e o tucuxi (cinzento) são os personagens principais, ao lado de elementos que representam a região — o remo, os catraieiros (condutores de catraias, tipo de barco), a farinha de mandioca, o Lago Verde, entre outros.

O Çairé começa na manhã de uma quinta-feira. A tradição é levantar mastros que ficarão em pé durante cinco dias de festa. Eles representam a parte “sagrada” do Çairé. À noite, é a vez do profano. Os botos cor-de-rosa e tucuxi se apresentam ao lado das rainhas da festa e embalam os casais. As mulheres usam saia rodada, e os homens não têm vestimenta específica, mas precisam caprichar na desenvoltura.

Encontro
Carlos Silva/ImaPress

Cercado por praias de areias brancas e frequentado por embarcações de todos os tipos, o Lago Verde tem formato de V. O vértice é o ponto de encontro entre o lago o Rio Tapajós. A união se dá em época de cheia. Na estiagem, o nível da água fica mais baixo e o lago se separa do rio por uma barra fluvial de cerca de um quilômetro de extensão.

Para saber mais
A orla pode ser comparada a qualquer balneário caribenho

Conta-se que os botos se transformavam em homens para seduzir moças de comunidades ribeirinhas em noites de Lua Cheia. Depois de nove meses, nasceria o resultado da união. A lenda foi bastante utilizada para explicar gestações fora do casamento, mas hoje é contada com bom humor pelos nativos, como símbolo da cultura local.

(Viagem a convite do Ministério do Turismo) 

Conheça alguns dos tesouros tapajônicos: cuia, jambu e muiraquitã!!!


Quem visita o oeste do Pará precisa conhecer a história dos símbolos que escolheram Santarém como palco


Paulino Menezes/MTur

É do leito do Rio Tapajós que brotam lendas, elementos que compõem a cultura local e um dos fenômenos naturais mais aplaudidos do planeta. Eternizados em fotografias, os ícones permanecem na memória de quem se dispõe a desvendar as peculiaridades da região. Apesar de incrustada na Amazônia, Santarém exibe costumes similares aos do litoral brasileiro — a começar pela piracaia, costume de assar peixe na praia.

Os índios tupaiu ou tapajó, antigos habitantes da região do Tapajós, impressionaram os colonizadores com a prática. Não só pelo ato da pesca com arco e flecha em noites de luar, mas pelo significado das reuniões: eram feitas em volta de fogueiras e transmitiam a alegria de estar em grupo. O evento é parecido com um luau — tem um quê de romântico.

Hoje em dia, a estrutura é mais sofisticada. Novos componentes entraram na festa: violão, temperos com sal e pimenta e a caipirinha, drinque de limão e cachaça. A farinha de mandioca e o peixe permaneceram no cardápio e, ainda hoje, protagonizam a refeição e deliciam os visitantes. 

Cuia
Jade Knorre
Símbolo de Santarém e do estado do Pará, foi registrada como Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As cuias são feitas por mulheres ribeirinhas da região do baixo Amazonas há mais de dois séculos. O recipiente é resultado do fruto da cuieira e é utilizado para consumir o tacacá — prato típico feito com goma de mandioca e tucupi (líquido extraído da mesma raiz), camarão e folhas de jambu. Na piracaia, as cuias também servem para comer peixe e farinha da maneira tradicional: com as mãos.

Jambu
Paula Rafiza/Esp. CB/D.A Press

As folhas e as flores da planta têm efeito anestésico, descrito por muitos como um “treme-treme” na língua. Usado como condimento, na forma de molhos, ou in natura, na preparação de diversos pratos como tacacá (foto), pato no tucupi, arroz, pizzas e sanduíches, a erva também é conhecida como agrião-do-Pará. No restaurante Piracema, as folhas integram o “tacacachaça”, drinque que mescla suco de maracujá a folhas e cachaça de jambu. Há quem diga que é afrodisíaco.

Muiraquitã
Bio Marajoara Pará/Divulgação


Herança dos índios tapajó e outras etnias da região do baixo Amazonas, os amuletos inspiram fertilidade e poder. São elementos de uma lenda que diz que as índias icamiabas, guerreiras, habitavam a região e realizavam uma festa em homenagem à Lua. Após dormirem com os Guacaris, índios convidados, elas mergulhavam em um lago para pegar barro esverdeado. Confeccionavam os muiraquitãs e davam de presente. Em Santarém, o artesanato reproduz a figura do sapo em colares com pingente de pedra e látex.

(Viagem a convite do Ministério do Turismo) 

Santarém, no Pará, é perfeita para apreciar o encontro das águas!!!


A cidade fica longe dos holofotes do turismo de massa e tem estrutura para visitantes descolados. Se você aprecia o rústico, embarque nessa viagem


Paulino Menezes/MTur

Nada de luxo —  o que não significa falta de conforto. Santarém é indicada para quem não se preocupa com mimos. Dos hotéis às opções de passeios, o clima é rústico. A temperatura elevada pede um bom banho de rio e, para visitar alguns lugares, é preciso caminhar pela floresta. Enquanto isso, os turistas podem conhecer lendas locais e plantas amazônicas com propriedades medicinais.


O município paraense ganhou mais visibilidade ao receber o fogo olímpico, que viajou de barco e apreciou o pôr do sol da região banhada pelo Rio Tapajós. Museus, restaurantes tradicionais, igrejas erguidas por missões jesuíticas e centros de cultura mostram que a cidade tem muito a oferecer. Citada nos últimos anos em noticiários policiais como um dos focos de turismo sexual no Pará, Santarém está preparada para passar outra impressão.


Da orla, área mais frequentada, emana um espetáculo colorido: o encontro azul e amarelo entre os rios Tapajós e Amazonas. As águas não se misturam por conta da composição, acidez, temperatura e velocidade das duas correntezas. O ideal é ir de barco até a divisão entre os rios e desligar o motor. Não demora muito e os botos -cor-de-rosa e tucuxis, de cor cinza, surgem em bando.

O Terminal Fluvial Turístico, espécie de porto, recebe embarcações de todos os tipos: transatlânticos internacionais, canoas, voadeiras (canoas com motor), lanchas e ferry boats, que transportam veículos. Os preços das viagens são negociados diretamente com os barqueiros, mas há agências que oferecem passeios pelas redondezas. O distrito de Alter do Chão coleciona praias de água doce e é um dos mais cobiçados.

Reino dos peixes
A pesca é uma das atividades econômicas mais importantes do município. Os peixes são muitos — de couro, de fundo, alguns pequeninos, outros com quase dois metros de comprimento, como o Filhote. Basta passear pelo Mercadão 2000 — espécie de feira — para se impressionar, inclusive, com o preço — o quilo custa, em média, R$ 10. Tambaqui, pirarucu e tucunaré são os mais pedidos. A refeição típica não poderia ser outra: peixe assado. Os acompanhamentos clássicos são farinha de mandioca, arroz e vinagrete.

Além de fonte de sustento para muitos santarenos, a orla do Tapajós em Santarém é um bom lugar para observar o ritmo de vida local. Durante o dia, o clima é bucólico. Pescadores, barqueiros e ambulantes descansam perto das águas tranquilas. No fim da tarde, a área fica tomada por atletas, casais, famílias e grupos de amigos. O ponto de encontro é o Centro de Atendimento ao Turista. O espaço fica em um píer às margens do Rio Tapajós. À noite, funciona como restaurante.

Tocha
Paulino Menezes/MTur
Santarém foi escolhida para representar a Região Norte no revezamento da Tocha Olímpica. O objetivo do Ministério do Turismo (MTur) e de prefeituras municipais é ampliar a visibilidade de destinos brasileiros durante os Jogos Olímpicos. Por isso, os lugares escolhidos estão fora do eixo das capitais. O Centro de Atendimento ao Turista, por exemplo, é um dos pontos de encontro de visitantes e nativos na capital paraense.

Sem mistura

Carlos Silva/ImaPress
O fenômeno conhecido como Encontro das Águas é famoso também em Manaus (AM). Por lá, a união é entre os rios Negro e Solimões. Em toda a Amazônia, entretanto, é possível observar a confluência de leitos fluviais, como os rios Amazonas e Tapajós.

(Viagem a convite do Ministério do Turismo)

Festa de São Benedito: a tradicional marujada de Bragança (PA)!!!


As tradições são mantidas pela comunidade, que preserva as histórias contadas de geração a geração. Tudo enfeitado com muitas cores e animado pelas cantorias


Roberto Castro/MTur
Com forte história cultural e religiosa, Bragança mantém viva a tradição iniciada pelos escravos em 1798, com a festa de São Benedito, santo de origem etíope cuja igreja foi inaugurada por volta de 1750. Nela se destaca a marujada, folguedo constituído majoritariamente por mulheres, que saem pela cidade em homenagem ao santo, no mês de dezembro. Geralmente usam blusa branca, faixa de fita vermelha e uma rosa de tecido, saia rodada comprida vermelha, azul ou branca e chapéu enfeitado com fitas e plumas.
Roberto Castro/MTur
Durante a celebração, sete tipos de dança são executadas. Além do xote bragantino, onde a rabeca acompanha a sanfona, a zabumba e o triângulo, também se dança a roda, o retumbão, o chorado, a mazurca, a valsa e o bagre. Também fazem parte dos festejos a cavalhada, o leilão e a procissão. Os cavaleiros disputam argolas vermelhas e azuis na cavalhada. Vence quem obtiver o maior número de argolas.
Roberto Castro/MTur
O comando da organização da festa fica por conta da capitoa, o cargo mais alto na hierarquia da marujada. A capitoa, que exerce o cargo até a morte, escolhe outra integrante para ser a subcapitoa, que a substitui em casos de morte e renúncia. Os preparativos começam em maio, quando uma comitiva sai pela região arrecadando doações para a realização da festa. As comemorações começam em 18 de dezembro e vão até  26 do mesmo mês. 


UM POUCO DE POESIA, PARA ALEGRAR O DIA!!!

CHORA CORAÇÃO!

CHORA VELHO CORAÇÃO, CHORA TUA SOLIDÃO,
TU NÃO TENS NINGUÉM, ÉS SOLITÁRIO,
MESMO ASSIM, AINDA ESTÁS VIVO, CANSADO,
NÃO TENS DIREITO A NADA, VIVE DESPREZADO.

LAMENTA CORAÇÃO, OS TEUS DESENCANTOS,
DESABAFA CONTIGO MESMO, E TE DESMANCHA EM PRANTOS,
NESTA VIDA TANTA DESILUSÃO JÁ PASSOU,
E ATÉ JÁ SOFREU, POR QUEM NUNCA TE AMOU.

OH! VELHO CORAÇÃO, ONDE ENCONTRAS TANTA FORÇA?
AONDE MORA QUEM VAI TE CONSOLAR?
AONDE ENCONTRAS ESPERANÇAS?
O QUE TE FAZ TANTO ESPERAR?

TEU TEMPO JÁ SE FOI CORAÇÃO,
ADORMECIDO TU ESTÁS,
POR QUE DESPERTASTE AGORA?
NESSE PEITO TÃO MASSACRADO.

OUÇA CORAÇÃO, OS TEMPOS NÃO VOLTAM MAIS,
MESMO QUE VOLTEM, CHANCE NÃO TERÁ,
NÃO VAI SER E NUNCA MAIS SERÁ,
PORTADOR DE TANTA ALEGRIA.

CHEGOU O FIM CORAÇÃO,
NÃO APROVEITARTES A VIDA,
TINHA TUDO EM SUAS MÃOS
E ACABOU SEM GUARIDA.