Sindicato diz que governo foi omisso
Quinta-Feira, 11/07/2013, 06:03:39 - Atualizado em 11/07/2013, 06:03:39
(Foto: Ney Marcondes)
Não foi por
falta de aviso. O Sindicato dos Médicos do Pará (Sindimepa) já havia
recebido denúncias sobre o caso de mortes de bebês na Santa Casa de
Misericórdia do Pará e denunciou imediatamente a situação aos
Ministérios Público do Estado e Federal, bem como para as secretarias de
Saúde do Estado e do município. Nenhuma resposta foi dada ou medida foi
tomada. O resultado foi a morte anunciada, até agora, de 44 nascituros
na maior maternidade pública do Estado.
A denúncia da morte dos bebês foi feita por
um funcionário da Santa Casa que trabalha na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) Neonatal. Ele denunciou ao Sindicato dos Médicos
(Sindmepa) a morte de 25 bebês nos 13 primeiro dias de junho no
hospital. A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) confirmou as mortes no
dia 14 de junho. João Gouveia, presidente do Sindmepa, diz que a
principal causa das mortes é o alto índice de infecção hospitalar no
local que recebe grande demanda de grávidas, a maioria adolescentes,
oriundas do interior do Estado. Ele exibiu ao DIÁRIO ata de uma
assembleia geral dos médicos, realizada no dia 17 de abril passado, que
contou com a presença de pediatras e obstetras do hospital. Os obstetras
denunciaram que trabalham com alta demanda, material insuficiente para
realização de procedimentos, ambiente físico insalubre. Foi citado
também que o número de plantonistas é insuficiente.
Os pediatras que atuam na unidade neonatal
queixaram-se de que continuam as dificuldades de proporcionalidade de
plantonistas para o número de leitos nos plantões noturnos, finais de
semana e feriados, pois a escala de plantão nesses dias, na sua maioria,
são plantões extras pela insuficiência de pediatras.
Para Gouveia, o problema se agrava na Santa
Casa também pelo fato de outras maternidades não estarem funcionando
como deveriam, embora seja prerrogativa do governo estadual fazer com
que elas funcionem. “Todo mundo acaba indo para a Santa Casa nas piores
condições possíveis, mas se lá não houver os cuidados necessários, no
controle das infecções hospitalares, você pode ter um aumento no número
de mortes”.
OMISSÃO
O Sindimepa acusa o Estado de ser omisso,
principalmente no que diz respeito à saúde básica. “No caso da Santa
Casa, por exemplo, o Estado sempre afirma que o problema é a falta do
pré-natal, mas ele é responsável por essa carência. O Estado é o gestor e
tem que chamar os municípios, levá-los a cumprir com suas obrigações”,
diz João Gouveia.
Hélio Franco, atual titular da Sespa, que já
foi inclusive diretor do sindicato, ao invés de resolver a precária
situação da Santa Casa, partiu para o ataque, afirmando que os médicos
sindicalistas “só querem é ganhar dinheiro”, provocando a revolta da
categoria. “O doutor Hélio nos envergonha porque ele saiu do sindicato e
quando estava aqui, lutava pelas mesmas causas que nós e agora está se
tornando inimigo público da classe”, rebateu Gouveia.
O Sindempa estuda interpelar o secretário
para explicar as declarações. Franco acusa também a entidade de ser
comprometida com o setor privado de saúde e diz que há uma espécie de
indústria de plantões usados para inflar os salários dos profissionais.
(Diário do Pará)
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