Golfinhos têm a memória social mais longa já registrada em animais
Eles reconhecem um semelhante mesmo depois de 20 anos de separação.
Estudo baseou-se em 43 golfinhos alojados em diferentes zoológicos.
Golfinhos nadam em grupo no litoral do Havaí. (Foto: Divulgação/Joseph Tepper/Universidade de Miami)
Os golfinhos são capazes de reconhecer um semelhante mesmo depois de 20
anos de separação, demonstrou um estudo publicado nesta quarta-feira
(7) que atribui a estes mamíferos marinhos a mais longa memória social
já registrada em animais.
Os elefantes têm a fama de nunca esquecer um dos seus, mas ela se
baseia unicamente em "indícios anedóticos", destacou o autor do estudo,
Jason Bruck, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Seu trabalho se apoia no reconhecimento de longo prazo entre os
golfinhos de sua assinatura pessoal, um assobio característico que faz
as vezes de nome e que torna cada indivíduo imediatamente identificável
por seus semelhantes.
O biólogo procurou saber se um golfinho é capaz de guardar na memória a
assinatura de um semelhante do qual ele se separou por muito tempo.
Seu estudo se baseou em 43 golfinhos alojados em 6 jardins zoológicos
ou parques aquáticos diferentes, entre os quais o zoológico de
Brookfield, perto de Chicago. Estas seis instituições locais têm como
particularidade o intercâmbio de animais entre si, armazenando o
histórico de cada um.
Velhos companheiros
A experiência que se seguiu consistiu em fazer os golfinhos ouvirem
gravações dos assobios de seus semelhantes. O resultado demonstrou que
os animais reagiram durante mais tempo quando ouviram assobios
familiares, ou seja, aqueles dos golfinhos com os quais tiveram contato,
mesmo que anos atrás.
"Quando ouviram um golfinho ao qual conheciam, com frequência se
aproximaram rapidamente do alto-falante", explicou Jason Bruck. "Às
vezes eles se voltavam ao redor e silvavam, tentando obter uma
resposta", acrescentou.
O cientista citou o caso de Allie e Bailey, que tinham respectivamente 2
e 4 anos quando viviam juntas no Dolphin Connection, no arquipélago de
Keys, na Flórida. Allie vive atualmente no zoológico de Brookfield e
Bailey, no Dolphin Quest, nas Bermudas. Vinte anos e seis meses depois
do último contato entre as duas, Bailey conseguiu reconhecer na gravação
o assobio de Allie.
Como o homem
Segundo o autor do estudo, cujos resultados são publicados na revista
"Proceedings B" da Royal Society britânica, os golfinhos demonstraram um
nível de reconhecimento "muito comparável à memória social do homem".
Este tipo de reconhecimento pode, inclusive, ser mais duradouro entre
os golfinhos do que entre os humanos, acrescentou, porque o assobio do
golfinho permanece estável por várias décadas, enquanto o rosto humano
muda com o passar do tempo.
Não se sabe, entretanto, por que os golfinhos têm uma memória social
tão longa, já que na natureza, estes animais têm uma expectativa de vida
média de 20 anos, embora certos indivíduos vivam até os 45.
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