Ver-o-Peso em festa pelos 387 anos
(Foto: Jader Paes/Diário do Pará)
Ainda
no escuro da madrugada, a agitação já toma conta do local. São
carregadores abastecendo os mercados de carne e peixe, os feirantes
armando suas barracas, o tradicional café da manhã, além da presença de
compradores e turistas. Assim é a rotina da considerada maior feira
livre a céu aberto da América latina, o complexo do Ver-o-Peso, que
reúne os mercados de peixe e carne e as feiras de alimento e do açaí e
que completa hoje 387 anos.
Segundo o Dieese/PA, são aproximadamente
cinco mil trabalhadores distribuídos em cerca de 12 atividades
comerciais. Do peixeiro ao fruteiro, ou das erveiras ao vendedor de
artesanato, que ajudam a fazer do Ver-o-Peso um dos principais cartões
postais de Belém. “É um lugar que, para muitos de nós, é como se fosse
nossa segunda casa”, diz Henrique Moraes, vendedor de camarão há 51
anos na feira.
Apesar da rotina de trabalho, que começa
na madrugada, o sentimento dos feirantes é festivo. “Nós chegamos aqui
todos os dias por volta das 3 horas da madrugada. A gente poderia
estar de mau humor, mas aqui a alegria e diversão são mandamentos que
nos ajudam a seguir essa rotina”, conta Thiago Santos, peixeiro.
E disposição e bom humor, de fato, não
faltam aos feirantes do Ver-o-Peso. “A rotina é essa mesmo, desde cedo
já estamos em nossas barracas, prontos para mais um dia de trabalho.
Aqui passo o maior tempo do meu dia, já que em casa eu vou apenas pra
dormir e acordo logo cedo para vir para cá novamente”, declara Paulo
Dantas, fruteiro.
Na parte que inclui a feira do açaí, a
movimentação também é intensa de trabalhadores que desde cedo
atravessam as ilhas em embarcações transportando o fruto típico da mesa
do paraense. “Dos 387 anos do Ver-o-Peso, 36 deles são da minha vida
fazendo essa travessia do açaí para a mesa do paraense”, diz Carlos
Santana, vendedor de açaí.
EXPERIÊNCIAS
EXPERIÊNCIAS
A experiência de cada trabalhador ajuda a
contar a história do Ver-o-Peso. “Trabalho aqui no “veropa” desde os
meus 10 anos junto com meu pai. Hoje estou com 42 anos e meus dois
filhos já estão trabalhando comigo. Essa minha relação com a feira foi
passada por meu pai e agora estou repassando aos meus filhos”, diz
Marcos Vinicius Sousa, coordenador do Mercado de Peixe do Ver-o-Peso.
No setor das erveiras, a história da
hereditariedade familiar se repete. É o caso da dona Coló que, junto
dos filhos, já é figura carimbada entre as vendedoras de banho e
mandingas da feira. “Estão aqui meu marido e meus três filhos. O
“veropa” é nossa casa, nossa vida e onde tiramos o nosso sustento”, diz
dona Coló.
Em meio a comemoração, os feirantes e
consumidores destacam a preocupação com o descaso público. “Essa feira é
a referência da cidade e precisa receber mais cuidados da prefeitura”,
destaca Manoel Rodrigues, frequentador. “O melhor presente de
aniversário para o Ver-o-Peso seria uma melhor atenção para a feira.
Por isso, ofereço o banho de sete ervas cheirosas para que tragam mais
sorte, felicidade, prosperidade, sucesso, amor e união ao “veropa”,
conclui dona Coló.
(Diário do Pará)
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