Eu quero desidratar essa coisa de Centrão', afirma Temer
- Beto Barata/PRO presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP)
O presidente em exercício, Michel Temer, disse, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", que pretende implodir o Centrão, grupo de partidos médios e até hoje ligados ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está prestes a ser cassado. "Quero desidratar essa coisa de Centrão e de outro grupo. É preciso unificar isso. Quero que seja tudo situação", afirmou ele. O "outro grupo" se refere à antiga oposição, composta por PSDB, DEM, PPS e PSB.
Temer confia no recesso branco deste mês para que as "pequenas ranhuras" deixadas na disputa pelo comando da Câmara sejam cicatrizadas. "Uma ferida não dura mais do que 15 dias, não é verdade? Se você se ferir, verá que dali a 15 dias se formou uma casquinha. A casquinha se dissolve."
Um dia após a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ), apoiado pelo Planalto e pelo PSDB para a presidência da Câmara, Temer contou que usará os 15 dias do recesso para compor o segundo escalão do governo. A direção de Furnas, por exemplo, ficará com a bancada do PMDB de Minas.
Quando chegar agosto, não haverá cicatriz. Eu quero aos poucos desidratar essa coisa de Centrão e outro grupo. É preciso unificar isso. Quero que seja tudo situação
Michel Temer, presidente interino
Pergunta - O sr. avalia que a eleição do deputado Rodrigo Maia para a presidência da Câmara representou derrota do PT, do ex-presidente Lula, da presidente afastada Dilma Rousseff e de Eduardo Cunha?
Michel Temer - O Congresso quis dar uma mensagem de apoio ao governo, com os dois candidatos que foram para o segundo turno (Rodrigo Maia e Rogério Rosso, do PSD, candidato do Centrão). Acho que está havendo uma distensão na Câmara. O candidato que teve apoio de outras alas foi justamente o nosso peemedebista Marcelo Castro. O que restou de tudo isso foi apoio ao governo.
E uma derrota poderia ter impacto na votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff?
Convenhamos, se há outro tipo de vitória, já iam dizer "Ah, o governo perdeu", dar outra interpretação. Se o Planalto fosse derrotado, seria negativo para o governo e para o país.
O Centrão saiu maculado, presidente, está se desintegrando...
Hoje, conversando com Rodrigo [Maia], nossa ideia é acabar com essa história da divisão. O que houve foram pequenas ranhuras, pequenas rachaduras. O recesso branco vai ajudar. Quando chegar agosto, não haverá cicatriz. Eu quero aos poucos desidratar essa coisa de Centrão e outro grupo (formado pela antiga oposição). Quero que não haja mais essa coisa. É preciso unificar isso. Quero que seja tudo situação.
O sr. fará reforma ministerial para acomodar a base aliada após a disputa na Câmara?
Isso eu vou examinar naturalmente depois que o Senado decidir [se acatará o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff]. Seria apressado qualquer outra afirmação. Mas não creio que haja feridas na base ministerial. Na base parlamentar, isso passa. Especialmente porque agora tem o recesso.
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