O mercado está feio por fora e por dentro, com infiltrações, pichações, goteiras e muita sujeira. (Foto: Alessandra Serrão/Comus)
O prédio foi inaugurado em maio de 1911. Projetado pelos arquitetos Filinto Santoro e Theodoro Braga, depois que o intendente da época, Antônio lemos, quis descentralizar o comércio de Belém. Com sua arquitetura imponente e importância histórica, o Mercado de São Brás foi por muito tempo peça importante para o desenvolvimento da cidade e do bairro. Hoje, no entanto, sua história é desperdiçada pelo poder público.
O abandono deteriora o prédio e prejudica seu funcionamento, impactando a vida de centenas de trabalhadores que dependem do local para sobreviver. A comerciante Rosana Martins, que há 30 anos trabalha no local e é porta voz dos trabalhadores do mercado, lamenta o estado em que se encontra atualmente. “Em todo esse tempo, eu nunca estive numa situação tão difícil como a de hoje”.
CLIENTES
A comerciante relembra, nostálgica, da época em que o prédio era cheio de clientes, indo e vindo, que passavam, olhavam e compravam despreocupados. Segundo ela, artistas se juntavam no fim da tarde e início de noite para beber e festejar nas entradas do mercado e os próprios comerciantes trabalhavam mais felizes.
“É um prédio centenário. Ele fez 106 anos esse ano e a gente só comemorou pelo carinho e significado que ele tem para a gente. Mas a verdade é que não tem o que comemorar”, conta. O principal problema enfrentado pelo complexo é a falta de segurança. Os assaltos são constantes e nunca resolvidos. Cada vez mais pessoas evitam transitar pelo entorno para fugir do perigo, e isso tem afetado diretamente os comerciantes. “Tem muita gente fechando a porta porque não dá mais conta. A maior parte dos clientes que a gente tem é antiga, que sabem da história do mercado e tentam continuar nos apoiando”, explica a trabalhadora.
Hoje não se vê policiamento nas redondezas, um contraste forte com a presença diária da Guarda Municipal de Belém. “A nave que tira as carterinhas de meia passagem para estudantes teve de improvisar uma entrada por dentro do mercado e fechar a principal por causa das inpumeras invasões e assaltos que teve”, cita a vendedora.
Em poucos minutos de caminhada pelos corredores já são suficientes para perceber que uma reforma é uma necessidade urgente. Mesmo assim, Rosana Martins confessa que, cansados de tanto reivindicar e não serem ouvidos, agora os comerciantes exigem apenas os consertos mais emergenciais. “Ninguém nos ouve, as autoridades fecham os olhos para o que está acontecendo aqui. A gente queria pelo menos o mínimo do mínimo, uma pintura e a solução para essas infiltrações e rachaduras”.
Recentemente, uma chuva forte levou o teto de vidro de uma das naves do mercado, alagando o complexo. Embora a Prefeitura tenha consertado o problema, Martins diz que o serviço foi mal feito. “Continua molhando aqui dentro e isso vai ser levado de novo pela chuva”, aponta.
(Arthur Medeiros/Diário do Pará)
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