Lembro
que até os idos de 1970 a festividade era paroquial: a imagem do santo saía da
Igreja Matriz sob intenso foguetório no dia 01/11, percorria todos os cantos do
município visitando as casas onde os membros da equipe entoavam a folia do
santo em latim, os visitados doavam donativos ou entregavam as prendas prometidas
por graças alcançadas. Ao cair da tarde os foliões recolhiam-se em casa de promesseiros
onde os vizinhos se reuniam para as “rezas” e para o lauto jantar oferecido
pelo dono da casa. No dia seguinte a imagem, reiniciava a visita às casas.
Dois
meses depois acontecia o retorno à cidade quando a imagem descia o rio em um
“CASCO” enfeitado com bandeirolas, seguido por outras canoas a remo com os
acompanhantes soltando foguetes, até o trapiche de onde o cortejo subia a
ladeira para a Igreja Matriz.
Durante
as 03 noites de arraial marreteiros, vendedores de comidas típicas, carrossel,
barquinhos se instalavam na praça publica e em frente a igreja. No dia 06/01 saia
a procissão pelas ruas. Na chegada o Vigário celebrava a Missa Solene e depois
acontecia o leilão dos donativos, que eram arrematados por pessoas vindas em
grande numero do interior, da cidade, da capital e de São Miguel do Guamá,
distante 23 km pela estrada e mais de 3 horas de barco motor pelo rio Irituia. Às
seis da tarde havia a derrubada do mastro, encimado por uma bandeirola com a
imagem do santo, contendo folhas e muitas frutas dos quintais.
Durante
os 03 dias da festa grupos pau e corda comandavam o “samba”, como era chamado o
carimbó, em um salão próprio para a dança, próximo a igreja matriz. A festa durava
três dias e três noites com o salão atopetado de gente. Pra não perder tempo as
mães, que vinham do interior, atavam redes em uma área ao lado do salão de
dança e caiam na folia junto com a família.
Detalhe:
não havia desordem mesmo rolando muita gengibirra entre os dançantes.
Hoje
a festa tornou-se comunitária: acabaram-se as visitas às casas, minguaram os
donativos e o leilão, apareceu o sorteio de brindes e dinheiro, o carimbó foi
desassociado da festividade e poucos promesseiros participam da procissão,
embora mantenham a devoção.
A
duração dos festejos é de 01 semana: iniciou dia 07 e concluirá dia 14/01 e no
mínimo serão celebradas 05 missas, a ultima no domingo concluindo a procissão
saída da Igreja Matriz às 08 horas da manhã.
O
carimbó tem seu festival próprio, este ano, de 19 a 21/01.
Por Assunção de Castro!!!
Eu nasci no ano de 1971 e nunca participei das Festividades de São Benedito na Cidade de Irituia, mas o texto preciso e bem explicado de nosso amigo Assunção de Castro me fez viajar no tempo. Me senti um autêntico Irituiense, participando ativamente da festa. Pude ver, no meu imaginário, as pessoas saindo com a imagem, soltando fogos e visitando as famílias para rezarem e jantarm em juntas...(quase pude sentir o gosto bom da farta comida servida aos romeiros). Me senti dentro de uma canoa, acompanhando o casco ornamentado que retornava com a imagem.
ResponderExcluirParabéns Assunção, você fez um grande, preciso e maravilhoso relato de toda a situação da festividade de São Benedito. Mostrou claramente o passado e a situação presente.
Parabéns à você Assunção, e ao povo de Irituia, pela tradicional festividade de São Benedito.
Soua grato ao companheiro Arnaldo Leão pelo convite para integrar a equipe do blog, principalmente pelo possibilidade de veicular os costumes e cultura irituiense, terra onde vim ao mundo e de onde parti para o mundo. Asseguro que o ser irituiense é quase ufania. O estilo papapão é tão contagiante que as pessoas que nos visitam sentem-se confortaveis a ponto de dificilmente deixarem de retornar inumeras vezes.
ExcluirObrigado por ter lido meu texto e se sentido "um autentico irituiense".
Meu querido e amado irmão, eu é que agradeço à Deus e à vc por ter sua amizade.
ExcluirForte e fraternal abraço.
Seu irmão,
James