Registros subiram
de 120 casos em 2011 para 171 no ano passado
Maria é o nome fictício de uma das
mães que tiveram alta da maternidade da Santa Casa na última quinta-feira.
Saiu com o sexto filho nos braços, aos 29 anos. O bebê é fruto de um sonho,
principalmente do pai, que não tinha filhos e que, mesmo sendo soropositivo,
decidiu assumir o risco e tentar. Maria também tem HIV. Descobriu no
pré-natal da quarta gravidez há três anos. Um episódio preocupante pela
gravidade e porque é cada vez mais frequente na maior maternidade do Pará. No
ano passado, 171 mulheres atendidas na Santa Casa descobriram que eram
soropositivas durante o pré-natal. São 51 casos a mais que em 2011. Este ano,
já são 30 casos, 14 deles em março.
Gerente de Urgência e Emergência
Obstétrica do hospital, Carmem Peixoto diz que, no ano passado, 29 casos só
foram detectados após o parto. O diagnóstico é mais frequente entre mulheres
entre 20 e 29 anos, secundadas pelas que têm entre 30 e 39 anos. Os casos
envolvendo adolescentes são menos comuns. "A maioria diz ter relação
estável e se contaminou com o parceiro atual ou com o anterior", diz
Carmem.
A maioria dessas mulheres já teve
uma ou mais gestações antes de descobrir o HIV. Maria foi surpreendida pela
notícia no final da gestação do quarto filho. "Meu marido não gostava de
usar camisinha. Dizia que era uma ofensa a mulher dele pedir uma coisa
dessas. Eu sabia que ele se envolvia com outras pessoas, porque era
carreteiro e passava muito tempo fora de casa, mas ele dizia que na rua usava
camisinha. Não usava nem com as outras, nem comigo", contou Maria.
Depois da descoberta, o casamento acabou. Ela conta que o marido a acusava de
tê-lo contaminado e se afastou. "Desconfio que ele até já sabia que
tinha o vírus, mas não procurou se tratar. Eu tenho contato com a irmã dele,
que me disse que ele está com uma carga viral bem elevada."
Maria procurou tratamento e diz que
não se descuida da medicação. São três comprimidos pela manhã e três à noite.
Vai ao médico mensalmente e, a cada dois meses, verifica a carga viral que,
segundo ela, é baixa e está sob controle. "Eu tenho cuidado para que
nunca baixe a minha resistência. Sei que não posso pegar uma gripe, porque é
perigoso". Ela é promotora de vendas e tenta manter uma rotina normal,
apesar dos cuidados redobrados. Foi cuidando da saúde que encontrou o atual
companheiro, no tratamento contra o HIV. Quando o namoro ficou sério, ele
contou a ela sobre o sonho de ser pai. Maria já havia engravidado mais uma
vez após se descobrir soropositiva - "a camisinha estourou",
explica -, mas resolveu ter o sexto filho.
Antes, o casal procurou os médicos
e ouviu as explicações sobre os riscos de o bebê nascer com o vírus.
Decidiram arriscar. "Meus dois filhos (nascidos após o diagnóstico)
fizeram o tratamento e fazem acompanhamento médico. Nenhum, graças a Deus, têm
o vírus", disse Maria, a poucas horas de deixar a maternidade levando o
bebê e a esperança de que, mais uma vez, o tratamento preventivo livre o bebê
do HIV.
FONTE: INTERNET
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domingo, 24 de março de 2013
Cresce número de grávidas com HIV
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