Brasileiro está consumindo mais álcool
Sábado, 13/04/2013, 07:41:44 - Atualizado em 13/04/2013, 07:41:44
O excesso de
rótulos disponíveis e de propagandas na televisão não deixam
dúvidas. Os brasileiros gostam de beber. De
acordo com o 2ª Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), divulgado na
última quarta-feira (10) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a
proporção de brasileiros que consomem álcool semanalmente cresceu 20% nos últimos seis
anos. Entre os que bebem, a proporção dos que consomem álcool uma vez por
semana ou mais passou de 45%, em 2006, para 54% em 2012, segundo a pesquisa.
Além disso,
houve aumento no número de pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool em
um curto período de tempo, de 45% para 59%, pontua o estudo. Números à parte, o
fato é que muita gente espera o final de semana pensando nas cervejas geladas
que ele promete.
A dona de casa
Terezinha Araújo, 50 anos, diz que tomou o primeiro gole aos 16 anos. Ela
garante que nunca exagerou na dose, mas assume que não tem hora ou dia certo
para “tomar uma”. “Às vezes, bebo até durante a semana, mesmo. Nunca tive
problema, nem de ressaca, meus exames deram todos normais. Mas não passo das
três”, afirma. Na opinião da dona de casa, consumir bebidas alcoólicas, desde
que de forma moderada, não causa problemas. “Bebo só para afogar as mágoas e
esquecer um pouco dos problemas”, conta rindo.
O estudo da
Unidade de Pesquisas em Álcool e Droga (Uniad) aponta que, entre as mulheres, o
crescimento registrado foi maior. Em relação às que afirmaram que bebem uma ou
mais vezes por semana, os números foram de 29% para 39%. Considerando as que
contaram que ingerem grande quantidade de álcool, a proporção foi de 36% para
49%. O 2º Lenad foi feito em 149 municípios do país e entrevistou 4.607 pessoas
acima de 14 anos.
No bar e boteco
“Meu Garoto”, no bairro da Campina, as doses de cerveja e cachaça são
intercaladas por chá de boldo. Parar curar ou minimizar os efeitos da temida
ressaca, muitos clientes optam por pagar R$ 1 pelo copinho que pode ajudar a
evitar dores de cabeça no dia seguinte. “Quando acaba a cerveja, o pessoal vai
pra cachaça, a que mais pedem é a de jambu. O chá não pode faltar de jeito
nenhum”, conta Francisco Barroso, 18, atendente do local. O boteco abre às 9h,
mesmo durante a semana, e não faltam clientes. Na última quinta-feira (11), por
exemplo, só restou, dos 15 litros de cachaça de jambu, o recipiente vazio.
MODERAÇÃO
MODERAÇÃO
A coordenadora
estadual de Saúde Mental da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública),
Marilda Couto, chama atenção para o fato de que o álcool, muitas vezes,
funciona como auxílio para quebrar barreiras sociais. “Pessoas que têm
dificuldade de falar em público, excesso de timidez, acabam utilizando este
recurso como forma de superar situações que, às vezes, são causadas por
características pessoais. É claro que, se aquilo gera um resultado positivo, a
tendência é a repetição”, explica.
De acordo com a
coordenadora, se tais características passam a afetar a vida profissional ou
pessoal, o ideal seria buscar acompanhamento psicológico, e não recorrer ao
abuso de bebidas alcoólicas.
Segundo Marilda
Couto, o importante é ter disciplina e consciência do que se está fazendo ou
bebendo. “Nada que você faça com controle é necessariamente prejudicial. O
ideal é intercalar as unidades que se bebe com pausas, ingerindo líquido e
alimentos para minimizar os efeitos do álcool. Aliás, os bares deveriam ser
obrigados a fornecer água de graça aos clientes que estejam bebendo”, pontua.
Marilda diz
ainda que, no caso das mulheres, exceder quatro unidades de bebida alcoólica em
menos de dez horas já é considerado consumo excessivo, segundo os padrões
adotados. No caso dos homens, o número máximo é cinco.
(Diário do
Pará)
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