Rádios AMs devem migrar para FMs
Governo brasileiro pretende ainda fazer novos testes até o final do ano para escolha do padrão digital
Está
previsto para o final deste ano o início dos novos testes para a
escolha do padrão de rádio digital a ser adotado no Brasil. No entanto,
tudo indica que antes de o Ministério das Comunicações decidir pelo
sistema ideal, o rádio AM migrará para a faixa de FM. "O governo
brasileiro deve oferecer a possibilidade de as emissoras que operam hoje
na frequência AM migrarem para a faixa da FM.
As rádios AMs têm lutado para melhorar a qualidade de seu som
João Carlos Nascimento / O Liberal
Depois,
no futuro, todas as FMs se tornariam rádios digitais", afirma Luis
Roberto Antonik, diretor geral da Abert (Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão). A migração foi aprovada no mês passado
pela presidente da República, Dilma Rousseff.
Com a mudança para a
frequência FM, as emissoras AMs terão uma grande melhora na qualidade
do áudio. "O som dessas rádios apresenta muito ruído e, certamente, isso
prejudica a prestação de serviço e a audiência", destaca Antonik. No
caso da FM, a digitalização proporcionaria uma série de interações com o
ouvinte que hoje não é possível como, por exemplo, ter acesso a letra
da música, capa do álbum, apertar uma tecla do celular e comprar a
canção que está tocando naquele momento e até receber informações dos
cantores. "Mas isso ainda depende dos testes que o governo pretende
fazer e da tecnologia", diz.
De acordo com o diretor, existe no
mundo duas experiências de sucesso na digitalização do rádio. Uma é no
padrão europeu (DRM) e, outra, uma tecnologia norte-americana (HD
Radio). "São poucas as diferenças entre ambas, mas existem. A americana é
mais antiga. Nos Estados Unidos têm 14 mil emissoras de rádio e desse
total cerca de duas mil FMs digitalizadas e mais ou menos 200 AMs. Já o
DRM é uma proposta que está em fase de teste por pouquíssimas emissoras
no mundo", explica.
No ano passado, o Ministério das Comunicações
abriu um edital para fazer um teste com os dois sistemas. Porém, as
experiências não foram suficientes para definir com segurança um padrão
de rádio digital para o país, principalmente porque a cobertura do
sinal, quando comparada a analógica, foi insatisfatória. "Me parece que
outros testes estão previstos com os mesmos sistemas para o final do
ano, mas com novos parâmetros como maior rigor quanto a potência de
transmissor, altura da antena e níveis de recepção de sinal que, segundo
o governo brasileiro, não foram muito bem definidos no primeiro teste",
afirma Antonik.
Para o diretor, a digitalização é mais
necessária no AM que, atualmente, sofre uma interferência brutal pelo
que é conhecido como sujeira do espectro rádio elétrico. "Um forno de
micro-ondas ou uma lâmpada ligada gera uma poluição no espectro e, como a
frequência dessa rádio é muito baixa, ela acaba captando essa sujeira e
o som fica tremido. A digitalização seria a salvação da AM", frisa. O
Brasil conta atualmente com 9.589 emissoras de rádio. Do total, 7.665
são FMs (comerciais, educativas e comunitárias), 1.784 AMs, 66 Ondas
Curtas e 74 Ondas Tropicais.
A principal diferença das emissoras
digitais e analógicas (AM e FM) está na maneira como as informações são
processadas pelo sistema. Em ambas, as transmissões de voz e dados são
realizadas através de ondas de rádio. Entretanto, os digitais convertem
as comunicações em uma série de números ou dígitos, preservando a
qualidade das transmissões e tornando o sistema mais eficiente e
dinâmico. Já os rádios analógicos enviam as informações no mesmo formato
em que as palavras foram faladas sendo mais suscetíveis a
interferências, ruídos e invasões clandestinas.
Coordenador da VOCÊ 580 se mostra otimista
O
coordenador artístico da rádio VOCÊ (AM 580) - pertencente ao Grupo
Liberal de Comunicação -, Cezar Polidoro, está bastante otimista com a
possibilidade da AM migrar para a faixa FM. "A grande reclamação das
pessoas é ouvir um chiado, mas se a mudança ocorrer, os ruídos vão
desaparecer. Esse, na verdade, vai ser o grande diferencial para as AMs
que tanto têm lutado para melhorar a qualidade", afirma.
Polidoro
diz que a emissora já fez alguns investimentos, como transmissor e
antena nova, prevendo essa modernização. "Com essa migração pouco será
feito, porque já temos equipamento de ponta, que possibilita a mudança.
Serão necessários apenas pequenos ajustes", diz.
Atualmente, a
rádio VOCÊ atinge um raio de 100 quilômetros, chegando quase na entrada
de São Paulo. Recentemente, o grupo LIBERAL lançou a faixa FM 94.7.
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