quinta-feira, 7 de novembro de 2013

VÁ COM DEUS E DESCANSE EM PAZ!!!

Corpo de Jorge Dória é enterrado no Cemitério Memorial do Carmo, Rio

'Me ensinou tudo na vida nesses 30 anos', disse a viúva, Isabel Gasparin.
Dória morreu nesta quarta (6), aos 92 anos, em hospital no Rio.



Alba Valéria Mendonça Do G1 Rio


O corpo do ator Jorge Dória, que morreu aos 92 anos nesta quarta-feira (6), foi enterrado por volta das 16h40 desta quinta (7), no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio. Artistas, amigos e parentes se despediram do artista. O velório começou às 11h, na Capela 1.
"Ele era meu grande amigo, companheiro, me ensinou tudo na vida nesses 30 anos de convivência", disse a mulher do ator, Isabel Gasparin.
Viúva de Jorge Dória chega ao velório. (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Viúva de Jorge Dória chega ao velório
(Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
O ator Nuno Leal Maia disse que Dória vai fazer falta no teatro, no cinema e na TV.
"Ele era incrível. Um grande amigo, muito carinhoso. Ele tentou de todos os jeitos voltar à TV, mas infelizmente, não deu. Ele ia da comédia ao drama com muita facilidade. A gente ficava pelos corredores da emissora rindo, conversando e contando piadas", lembrou Maia.
Os atores João Carlos Barroso e José Santa Cruz, que trabalhavam com Dória, no "Zorra Total", lembraram a irreverência do "Rei do Caco".
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"Só fui a uns 10 enterros na vida. Tinha que vir aqui. Ele era irreverente. A gente gostava de se reunir na mesa bem embaixo da pilastra do restaurante La Fiorentina, onde estavam as nossas assinaturas, para rir e conversar.", disse Barroso.
Santa Cruz, que trabalhou com Dória desde o tempo de TV Tupi, disse que ele deu uma aula de vida. "Ele soube aproveitar a vida. Era irreverente, criativo e muito positivo. Deu uma aula de vida e de interpretação."
Ator Romeu Evaristo, o Angolano, de "Zorra Total", diz que aprendeu muito com Jorge Dória (Foto: Alba Valéria Mendonça / G1)
Ator Romeu Evaristo, o Angolano, de 'Zorra Total',
diz que aprendeu muito com Jorge Dória (Foto: Alba
Valéria Mendonça / G1)
O ator Romeu Evaristo, o Angolano, também de "Zorra Total", diz que aprendeu muito com Jorge Dória. "Nos dez anos que trabalhamos juntos aprendi muito a fazer inflexão. Ele me ajudou a ser humorista, ele improvisava muito."Dória estava internado desde 27 de setembro no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio . Segundo a assessoria de imprensa do hospital, ele morreu após complicações cardiorrespiratórias e renais.
João Carlos Barroso e José Santa Cruz, que trabalhavam com Dória no 'Zorra Total', lembraram a irreverência do 'Rei do Caco' (Foto: Alba Valéria Mendonça / G1)J
oão Carlos Barroso (à frente) e José Santa Cruz,
que também trabalhavam com Dória no 'Zorra
Total', lembraram a irreverência do 'Rei do Caco'
(Foto: Alba Valéria Mendonça / G1)
Na quarta, pouco após a morte do artista, o único irmão vivo de Dória, Fileto Pires Ferreira, de 95 anos, recordou a infância dos dois e a atuação do artista no teatro."Ele era dono dos cacos nas peças teatrais. Sabia o momento e sempre fazia isso com grande talento e com alegria. Lamentamos muito. Deixa uma lembrança cheia de vida e inteligência", disse Fileto.
Já o cunhado do ator, Fernando Gasparin lembrou o lado alegre de Dória. "Ele fazia o trágico virar cômico", recordou Gasparin.
Em 2005, Jorge Dória se afastou dos palcos e da TV por problemas de saúde, decorrentes de um acidente vascular cerebral. Seu último papel foi no humorístico “Zorra Total”, da TV Globo.
Jorge Dória Cronologia (Foto: G1)
Início nos anos 1940
Dória iniciou sua carreira artística na década de 40. De acordo com o depoimento que deu ao Memória Globo, em 2002, sua estreia no cinema foi no melodrama “Mãe”, de 1947, do radialista Teófilo Barros.
Com uma carreira que inclui mais de 80 participações em filmes, teatro, novelas e seriados, o ator se destacou na comédia, na primeira montagem de “A gaiola das loucas”, de 1974, baseado no texto do autor francês Jean Poiret.
Na TV, o ator teve destaque em 1970, na extinta TV Tupi. Três anos depois fez sua estreia na TV Globo na primeira versão da “A grande família”, interpretando o funcionário público Lineu, hoje vivido por Marco Nanini.
Homenagem exibida pelo programa “Vídeo Show”, em 2010, mostrou que Dória foi o Ambrósio de “O noviço”, seu primeiro personagem em novelas na Globo, em 1975. Em 1978, foi o protagonista de “O pulo do gato”. Era o playboy decadente e mulherengo Bubi Mariano, famoso por frases como “Marilyn Monroe, saímos algumas vezes”.
Em 1990, fez “Meu bem meu mal”. Outro personagem marcante foi o Conselheiro Vanoli, da novela “Que rei sou eu?”, de 1989 (veja no vídeo abaixo). A interpretação lhe rendeu o prêmio de melhor ator pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Dória participou das novelas “Deus nos acuda”, “Era uma vez”, “Olho no olho”, “Zazá” e “Suave veneno”. Por conta da fama de se dar bem em comédias, foi convidado para participações especiais nos seriados “Sai de baixo” (1998) e “Os normais” (2001), quando viveu o pai de Rui (Luiz Fernando Guimarães).
No "Zorra Total", interpretava Maurição, pai machista de Alfredinho (Lúcio Mauro Filho). Seu bordão era “Mas onde foi que eu errei?”, em alusão ao fato de o filho se vestir de mulher, chamá-lo de “papi” e usar gírias faladas por gays.

Teatro e cinema
No teatro, teve destaque em “Procura-se uma Rosa”, na década de 60. A peça era escrita por Vinicius de Moraes, Pedro Bloch e Gláucio Gill, com direção de Léo Jusi. Nos anos 70, ficou conhecido por produzir suas peças (como “Freud explica, explica” e “O senhor é quem?”).
A década seguinte no teatro foi marcada por parcerias com o diretor Domingos de Oliveira. Juntos, fizeram “Escola de mulheres” (1984), "A morte do caixeiro viajante" (1986) e "Os prazeres da vida segundo Jorge Dória". Estrelou também “Belas figuras” (1983), de Ziraldo, e “A presidenta” (1988).
 A carreira no cinema foi além de sua estreia em 1947. No ano seguinte, trabalhou em "Inconfidência mineira", dirigido por Carmen Santos. A filmografia de Dória tem ainda longas como “O homem do ano” (2003), “Traição” (1998), “A dama do Cine Shanghai” (1987), “Pedro Mico” (1985), “O sequestro” (1981), “Perdoa-me por me traíres (1980), “Assim era a pornanchanchada” (1978), “As secretárias... que fazem de tudo” (1975), entre outros. Em “A dama do lotação” (1978), viveu Dr. Alexandre, sogro de Solange (Sônia Braga), casada com Carlos (Nuno Leal Maia).

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