Reajuste pode ser superior ao anunciado
Reajuste nos preços dos combustíveis passou a vigorar em todo o país à meia-noite de ontem (Foto: Mauro Ângelo)
O
reajuste nos preços dos combustíveis passou a vigorar em todo o país à
meia-noite de ontem. O reajuste autorizado pelo governo federal nas
refinarias ficou em 3% na gasolina e de 5% no diesel.
Segundo o Departamento de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese-Pará), o impacto deste reajuste será
direto para o consumidor e a tendência, em alguns casos como no Pará, é
de ser até maior do que os números anunciados pelo governo, pois cada
estado tem uma alíquota diferente do Imposto sobre Operações relativas à
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e a do Pará é uma
das maiores, além do fator de distância da refinaria.
A última pesquisa do Dieese, realizada na
última quinta-feira, mostrou que o preço médio do litro da gasolina
comum comercializado em Belém era de R$ 2,959. O menor preço encontrado
por litro foi de R$ 2,850 e o maior foi de R$ 3,249. Já o preço médio do
litro do óleo diesel (S10) estava sendo comercializado em média a R$
2,645. O menor preço encontrado por litro foi de R$ 2,450 e o maior foi
de R$ 2,899.
“O governo estipulou um aumento, este
aumento é repassado das distribuidoras para os postos revendedores e,
cada posto, em separado, vai fazer seus cálculos. Não é igual. 3% é na
distribuidora, não estão incluídos os impostos e tudo mais. Às vezes, o
governo dá um aumento de 3%, mas a minha distribuidora pode repassar um
aumento de 4% ou 5%, alguma outra pode dar 3,5%. Depende de cada
distribuidora”, explica Ovídio Gasparetto, presidente do Sindicato do
Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural,
Biocombustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Pará
(Sindicombustíveis).
AUMENTO
O presidente do Sindicombustíveis disse
ainda que, neste momento, não dá para saber de quanto será o efetivo
aumento. “A questão é, os preços no país são livres. Não existe mais
tabelamento em combustíveis. Por exemplo, nós tivemos um aumento abusivo
na energia elétrica. No Pará, produzimos energia elétrica, exportamos,
mas temos que pagar um aumento dividido no país como um todo. E as
distribuidoras consideram a energia elétrica nos seus aumentos como mão
de obra, funcionários, tudo. A mesma coisa são os postos”, avalia.
“Com a experiência de mais de 20 anos
lidando com os postos, podemos dizer que o preço estipulado pela
refinaria nunca é o mesmo que vai para o consumidor porque no valor
final ainda entra a carga tributária. O aumento deve implicar na
alimentação, principalmente devido os preços cobrados pelos fretes”,
afirma o supervisor técnico do Dieese/Pará, Roberto Sena.
“Então, mesmo com a entrada do 13º salário,
grande parte já estará comprometida com as dívidas e a outra com o
consumo. Com o aumento da energia elétrica e agora dos combustíveis, a
tendência é fechar o ano com os preços dos produtos em alta”, estima.
REAJUSTES
Este é o primeiro reajuste autorizado em
2014. No ano passado, houve dois reajustes na gasolina. O primeiro
ocorreu em janeiro, com a alta de 6,60% e o segundo em novembro, com a
alta de 4%. No caso do diesel foram praticados três reajustes, sendo o
primeiro em janeiro, com alta de 5,40%, o segundo em março, com a alta
de 5% e o terceiro em novembro, com alta de 8%.
“Vamos ter que trabalhar dobrado”
Para a categoria dos taxistas, o reajuste
no preço da gasolina, próximo ao fim de ano, é sinônimo de prejuízo e
mais trabalho para compensar os gastos que virão. “A gente tem que
trabalhar o dia todo com o tanque cheio. Rodo de 200 a 250 quilômetros
por dia, em média, meu carro faz oito quilômetros com o ar ligado. É um
gasto de cerca de 25 litros de gasolina por dia que dá uma média de R$
70.
O salário aumenta, tudo aumenta, mas a
tarifa do táxi não e a nossa cooperativa não trabalha para os clientes,
no final de ano, com bandeira 2, então vamos ter prejuízo, com
certeza. Vamos ter que trabalhar dobrado para compensar. Trabalho de 6h
às 18h. vou ter que passar a trabalhar de 6h até as 20h”, ressalta o
taxista que exerce a profissão há 16 anos, Rui Guilherme Pereira, 49.
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