Em vídeo publicado no Facebook, no último domingo (14), o governador Simão Jatene prometeu ao povo do Pará a instalação de um Centro Estadual Integrado de Inteligência, o que, segundo ele, “permitiria avanços nas áreas de investigação com participação de outros entes federativos, inclusive outros Estados”. No entanto, pelo visto, a área só existe na imaginação de Jatene, já que ninguém do Sistema de Segurança consultado pela reportagem confirma a existência do tal projeto anunciado com toda pompa pelo governador. “Até o momento a cúpula da Segurança Pública do Estado não foi informada e desconhece qualquer projeto neste sentido”, revela ao DIÁRIO uma fonte da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).
Sem política pública na área de segurança e sem aceitar a ajuda do Governo Federal, que já ofertou a Força Nacional por diversas vezes, Simão Jatene, para usar suas próprias palavras no vídeo de Facebook, resolveu abusar “da pirotecnia política” para criar expectativa que dificilmente vai se consolidar. “Para efetivar um Centro Estadual Integrado de Inteligência, Jatene depende de aprovação na Assembleia Legislativa e depois precisaria montar toda uma estrutura física e tecnológica para que de fato funcionasse. Quase impossível de fazer para quem tem poucos meses de mandato. Me parece bem mais propaganda do que projeto”, comenta Milton Souza Salim, mestre em Segurança Pública pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e que atua em consultoria a ONGs de direitos humanos ligados a vítimas da violência.
Belém vive uma "guerra civil velada" com uma onda de assassinatos diários e com forte presença do crime organizado. (Foto: Wagner Almeida/Diário do Pará)
No vídeo, Jatene cita a criação do centro, mas em nenhum momento dá detalhes de como está sendo executado. Ele também, ao contrário do que associações e sindicatos ligados a policiais dizem, afirma que os agentes de segurança estão bem equipados e com coletes e pistolas. Uma realidade que não se constata nas ruas, uma vez que o Ministério Público Militar cobrou, semana passada, explicações do Comando da PM sobre as carência da corporação, inclusive a de que as viaturas saem para as ruas com pouco combustível, o que impediria a realização de rondas pela cidade.
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